Apenas observe...

Apenas observe...
Por Sócrates Guedes

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A ti primeiro, a mim em terceiro

Retiro a ti minha ultima máscara, entrego-me por inteiro a teu deleite, como nunca antes tinha feito. Amor, delírio, apenas enfeite, quero contigo ferver a euforia de um beijo. Gemer, gemido, espero que seja contigo no calar da noite, causando intenso frio no umbigo.

Fico semelhando-me a um escravo, mas com palavras a dizer, com desejos a cobiçar. Sinto a nova aurora. Descobertas, em meu novo mundo, afloram, tudo inervado, como disse outro, num apocalipse duvidoso. Podendo explodir os mil sentimentos ainda não descobertos de uma só vez, clareando idéias e cessando vozes.

Digo que este seja bom, que dure no dom de saber gostar e no de querer ouvir: carinhos, mordidas e sabe-se lá o que venha deste encontro. Não desejo por um ponto, pelo menos até que não haja final, ao menos que trilhemos esta avenida, cientes que ao longo do caminho haverão algumas subidas e inúmeras descidas.

Posso então deixar-me sentir o agora, o que em outra hora não quis. A ti primeiro, como se meu mundo dependesse de sua companhia, como se eu não fosse alguém te esperando em pleno estado de euforia, como se fosse a própria razão, como se, então, estivesse dependente somente de ti. Quero está ao seu lado, quero, entre as idéias em trapos, pensar nos nossos momentos, por mais breves que sejam, sendo beijos, carinhos ou lamentos.

Quero viver o que vivo agora, o que sinto sem repulsar tudo aquilo que vem de fora, que me empurra à deriva, que me deixa sem rumo. Não quero mais, porém, por vezes fumo, sentir tua boca, tua pele, teus desejos, que sejam meus também, teus gostos, teus sorrisos, teu carinho demonstrado apenas com gestos simples.

Quero, desejo, assim por todas as vielas te cortejo, bem próximo ao próximo beijo. Espero morar, tempo suficiente, na tua esperança, que não esperes muito por mim, pois estarei logo aqui, do teu lado, abraçando fervorosamente teu afago, abraço, sermão, carícias.

Repito o que desejo, pois quero de novo o que me veio como um novo “novo”, um novo gostar, um novo sentir, um novo beijar... Um novo pedir, um novo abraçar, um novo morder e acariciar deixando saudades por onde quer que queiramos passar.

A mim, em terceiro, mesmo quando estiver nadando no meu acúmulo de não, mesmo quando o limite do que não quero sentir ultrapasse o de querer fingir sorrisos, esconder caprichos de uma mente solitária. Ainda que esse “não querer ser quem eu realmente sinto ser” me empurre para o canto escuro mais próximo e negue a existência de qualquer outro vivo, de qualquer outro que queira me ouvir, que queira me abraçar, me confortar e esperar comigo que os olhos sequem, haverá um momento em que pensarei em ti, em mim, em nós. Pois, após sentir que o gosto das lágrimas não mais agrada e que isso já não mais me força a perseguir as trevas, meus olhos não haverão de pedir novamente o que m’alma insiste em dizer “não agüente”.

E ainda que o que eu diga pareça uma valsa desgovernada de palavras, espero que entenda os entre-mudos da musica descompassada, os sussurros do que quero verdadeiramente dizer. De que quero ouvi-la sem me preocupar com o tempo, de que quero que me chame quando houver qualquer tipo de lamento, de que quero que me dê a honra desta minha dança infame, de que quero um cortejo teu com um beijo no final.



sábado, 16 de julho de 2011

O prazer da dança

Traria-me deveras prazer se a senhorita me acompanha-se nesta dança de palavras
Que me trouxesse o gosto de antes:
Do deleitar-me sobre seu colo e do não me acovardar
ao querer dizer o que sinto
Mas afinal, o que sinto?... O que devo sentir?

Ao quê devo gritar para conseguir um beijo?

Que não seja acompanhado por um pedaço de queijo

Pois sou intolerante a... Digo, não tolero mesmices

Mesmo que venham de minha própria agonia

Se expandindo rapidamente até minha garganta fria
E causando dores quase intermináveis entre o meu eu e o meu teu

...

Ainda insisto em questionar-me: Para que a rima?
Talvez por não ter outra fonte de letras para assim fazer...
Para assim dizer que anseio pelos seus braços

Seu afago ofegante, que a todo custo tenta me silenciar

Mas não deixarei que vença. Meu gosto por ti será maior

Provarei que posso gostar sem amar e proporcionar a razão deste negado amor
Que se um dia esta palavra melosa venha a chegar às nossas bocas
Que saia com as
mais variadas decorações loucas
para enfeitar isso que chamei de futuro!!
Para tudo que desejo em ti e que não quero ver em outra parte quaisquer do mundo
E ainda me despojando do prazer do frescor, alerto:
Quero-lhe muito senhorita, mas sem frescura!