Apenas observe...

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Por Sócrates Guedes

sábado, 27 de agosto de 2011

O lamento e o título

Não há água nesta torneira
Não há odor neste ar
Não há sombra na pessegueira
Nem motivos para me lamentar
É como prelúdio, que inicio pelo fim
Apresento as dores do íntimo ser que mora em mim:
Gritante e cego para o quero
desejo friamente o calor de uma mulher
Não tendo a certeza se disso vou obter
Saciar meu desejo ou outra coisa qualquer
A rima que sai do lampejo alcança
Além do que concretizo como beijo, lança
O laço pelo qual busco me ater
A memórias que , a muito, tento esconder
Da água que espero tomar, alívio e conforto
A lâmina fria que desce pelo meu longo corpo
Espero desta forma proporcionar
Do aroma que sentia ao longe, morto
Inato, permaneço perante o gosto
Que provocado pelo continuo prazer
Relevo as mesmas memórias que fojem do meu ser
Ao passo que tento fugir de mim encontro os buracos que enfeitam-me
Deixando a aparência do verme irritante, que com sua fome extenuante
Devora os pedaços que deixei para trás
E seguindo a rota da fuga
Percebo o quanto m'alma é burra
Deixando-me a esperar
O real motivo pelo qual deva me apaixonar.